Qualidade de Processos. Integração do PMBOK com o CMMI


Historicamente, a abordagem às questões da qualidade tem evoluído de uma ótica de inspeção, na tentativa de evitar que produtos defeituosos sejam entregues ao cliente, para um modelo que usa a qualidade dos processos como forma de fornecer ao cliente um produto de qualidade.



A Norma ISO 9000-3 deriva da Norma ISO 9000 apresentada em 1987, sendo a adaptação desta às especificidades da qualidade do software; A norma ISO 12207 explícita um processo de qualidade relativo ao desenvolvimento de software contemplando extensões específicas adaptadas às boas-práticas em vigor nos EUA; A primeira versão do CMMI surge em 2002 agregando uma multiplicidade de metodologias que foram sendo desenvolvidas de 1987 a 1997; O SPICE (ISO /IEC 15504) é a resposta Europeia ao CMMI.

Mais recentemente, é crescente o reconhecimento de que, uma abordagem mais eficiente passa pela integração, da qualidade dos processos de fabrico, com metodologias que enderecem especificamente a qualidade do produto, pois só dessa forma é possível implementação de um sistema de qualidade verdadeiramente efetivo (ver artigo sobre os custos da baixa qualidade).

No âmbito do desenvolvimento de software, o que na prática se constata é que, a maioria das organizações dispõem de um processo de qualidade centrado na existência de um departamento de qualidade, responsável por testar os novos produtos ou as alterações efetuadas em produtos existentes, com o intuito de prevenir problemas no ambiente de produção.

Trata-se na prática, de um processo de inspeção inspirado no modelo de desenvolvimento em cascata, e que tem como principais inconvenientes:
  1. Custo elevado para a manutenção de um ambiente de qualidade, que nunca consegue replicar devidamente o ambiente de produção;
  2. Constituir-se como um estrangulamento no processo de desenvolvimento, e;
  3. Não ter em consideração as questões de qualidade relacionadas com a satisfação das necessidades dos utilizadores.
A estes problemas algumas organizações respondem com limitações ao processo – p.ex. só enviando para qualidade as aplicações mais críticas. Apercebendo-se que, na complementaridade e interdependência dos sistemas informáticos atuais, tal processo poderia ter efeitos negativos na estabilidade e fiabilidade do ambiente de produção, essas organizações fazem a acompanhar esse processo de restrição, pela criação de um ambiente de produção restrito, onde “correm” as aplicações críticas, distinto do ambiente de produção normal, onde “correm” as outras aplicações.

Tal solução, que se preocupa unicamente com as características intrínsecas do produto e suas interdependências, para além de representar a constatação da incapacidade para manter um efetivo sistema de controlo de qualidade, não resolve completamente a questão fulcral inerente ao próprio conceito de qualidade, i.e. “A qualidade é o conjunto de características de uma qualquer entidade que lhe conferem a capacidade de satisfazer necessidades explícitas e implícitas”.

Paralelamente, a maioria das organizações tem avançado com ações de melhoria de qualidade em termos de processos – no quadro anterior representam-se as metodologias mais significativas nesta área. É uma condição necessária, na medida em que processos maduros e devidamente implementados e institucionalizados, estão na base de produtos de qualidade, mas, como as próprias metodologias – CMMI e PMBOK – preconizam, não é suficiente.

Nos próximos artigos abordaremos a questão da qualidade, na perspetiva de duas das metodologias de processos mais generalizados – PMBOK e CMMI – com o objetivo de entender melhor a forma como os mesmos devem ser complementados por um processo especificamente desenhado para atender às preocupações da qualidade do produto.

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