Agile vs Tradicional: Qual o Mix Perfeito Para a Sua Organização


Quando se fala de métodos ágeis temos de ter a noção de que apenas algumas organizações irão usar estes métodos em todos os projetos e, consequentemente, alterar a totalidade dos seus processos para métodos ágeis.  

A realidade é que nem todos os tipos de projetos se adequam a ser geridos de acordo com uma abordagem Agile e, embora alguns dos princípios subjacentes ao Agile possam, e devam ser, incorporados nas metodologias tradicionais de gestão de projetos, o Agile como um todo, deverá ser entendido pelas organizações, não como "A" ferramenta de gestão de projetos, mas sim como mais "UMA" ferramenta de gestão de projeto, que a organização domina, e está apta a usar, em determinadas circunstancias. 

Por outro lado, mesmo as organizações que planeiam uma migração total para métodos ágeis, têm vantagem em encarar esse processo de migração de uma forma gradual, começando por aplicar alguns dos princípios do Agile, e as ferramentas e métodos que lhe são inerentes, a um único e determinado tipo de projetos, numa área especifica da organização ou, com um numero restrito de gestores de projeto e de equipas.



Por outras palavras, o mais comum é as organizações terem uma abordagem à gestão de projetos que mistura, em graus diversos, as metodologias tradicionais com alguns métodos e princípios inerentes ao Agile, sendo que o ideal é que as organizações, e as pessoas envolvidas nos projetos, tenham a capacidade para determinar, projeto a projeto, quais as ferramentas e técnicas que melhor se adequam a cada caso especifico, sejam elas técnicas oriundas das metodologias estruturadas ou dos métodos ágeis de gestão de projeto.

Quais São Esses Princípios do Agile Que Podem Ser Usados Em Quase Todos os Projetos?

 

Há uma série de áreas em que o Agile pode ser usado em projetos Não-Ágil. Para saber quais essas áreas basta lembrar-se que o sucesso dos métodos ágeis gira em torno do envolvimento do cliente e da equipa do projeto. A prova é que, na génese do mais conhecido método de gestão ágil de projetos - SCRUM - está a inclusão do representante do cliente - o dono do produto - na equipa de projeto, atribuindo-lhe um conjunto de responsabilidades que, nos projetos tradicionais, são realizadas pelo gestor de projeto e pelos restantes elementos da equipa de projeto.
Para saber onde pode usar métodos ágeis nos projetos de gestão estruturada basta ter presente os quatro princípios pelos quais o Agile se rege:
 
  • Entrega iterativa de valor para o cliente
  • Feedback constante e precoce de forma a que o cliente esteja sempre envolvido no que está a ser feito 
  • Trabalho colaborativo e equipas multi-funcionais
  • Inspeção e adaptação contínua
 
... e ver quais as áreas da gestão estruturada em que esses princípios melhor se encaixam.

 

Como já foi referido o Agile baseia-se no envolvimento constante do cliente e na adaptabilidade. Estes princípios podem ser adotados pelos métodos estruturados de gestão de projetos através da modificação das áreas de conhecimento Gestão da Comunicação; Gestão dos Interessados; Gestão do Risco. Com alterações nestas três áreas terá uma gestão estruturada de projeto mais "amiga" do ágil e mais "amiga" do seu cliente.

Depois, à medida que vai tornando os seus processos mais ágeis, deverá continuar a introduzir alterações em outras áreas de conhecimento (o PMBOK é composto por 10 áreas de conhecimento), seguindo as sugestões que lhe deixamos abaixo:

  • Altere a "filosofia" do planeamento do projeto. Faça um plano global de alto nivel, que lhe permita enquadrar o caminho a seguir até ter o projeto concluído e a seguir comece a detalhar as atividades que irão ser realizadas primeiras, e continue detalhando as atividades á medida que se aproxima a data do seu inicio.
  • Implemente a técnica das historias de utilizador para fazer o levantamento das necessidades dos seus clientes 
  • Introduza no funcionamento da equipa o conceito de reuniões diárias (10 minutos, no inicio do dia, para discutir o que vai ser feito e quais as dificuldades esperadas). Isso dá aos membros da equipa do projeto a oportunidade de compartilhar o progresso do trabalho, os obstáculos e as dificuldades que podem desencadear atrasos, sendo uma forma de comunicação face-a-face muito eficaz.
 
Esta abordagem pró-ativa, mas faseada, permitirá uma migração para o ágil com duas grandes vantagens face aos processos de transição mais radicais:

  1. Podemos parar quando quisermos. Ficando com métodos de trabalho em que os níveis de adaptabilidade e de rigidez, são os mais adequados às especificidades da organização, e dos projetos que esta realiza
  2. Permite que as pessoas da organização se vão progressivamente adaptando às novas formas de trabalho, percebendo as suas mais valias e incorporando a necessidade da mudança que passa a ser uma mudança desejada ao invés de uma mudança imposta.

 

Em Conclusão

 

É importante reconhecer que a gestão de projetos Agile não é uma receita à medida de todos os projetos. Aliás nenhuma metodologia de gestão de projetos o é, e não é por acaso que a própria definição de projeto refere ser um projeto algo único e irrepetível, sendo que essa característica não somente se aplica ao produto ou serviço resultante, mas também à forma como o mesmo é criado, e o projeto é gerido.

A conceito Agile assenta na ideia de que cada projeto deve ser considerado como uma entidade única, devendo quem trabalha em projetos fazer um esforço para que cada projeto seja um processo criativo. A utilização das metodologias de trabalho é unicamente uma forma de organizar e controlar essa criatividade de forma a manter os riscos dentro dos limites aceitáveis. Esta abordagem adaptativa à gestão de projeto permite, e aconselha, que elementos da gestão tradicional se entrelacem com os métodos característicos da abordagem ágil.
 

À luz desta perspetiva não há nenhuma razão para que num projeto gerido com recurso a uma abordagem mais Agile não possa ser utilizado um gráfico de Gantt, se os gestor de projeto ou os interessados fizerem questão em usar essa ferramenta para controlar o projeto - desde que fique claro que o gráfico será mais detalhado em relação às atividades de curto prazo (aquelas que integram a próxima interação) e mais genérico, explicitando unicamente ações de alto nível. De igual forma muitas das outras ferramentas e técnicas que são usadas na gestão de projetos tradicional, podem ser usadas, com adaptações que lhes permitam incorporar os conceitos de incremental, interatividade, e adaptabilidade, que são características fundamentais dos ambientes Agile.

Grp2ALL





 

 

Postagens mais visitadas deste blog

PMBOK: Ferramentas e Técnicas – Métodos de Comunicação

PMBOK: Ferramentas e Técnicas – Método PERT