PMBOK: Ferramentas e Técnicas – Método da Corrente Crítica (Parte 1)


Uma caraterística comum à generalidade dos projetos é a sua elevada taxa de insucesso. A experiência demonstra-nos que todos os projetos têm uma elevada probabilidade de desvios no orçamento, atrasos nas datas planeadas e comprometimento do âmbito / escopo do projeto.

A tendência é para colocar a culpa na incerteza que é caraterística de qualquer projeto, o que leva os gestores de projeto e as suas equipas a colocar uma grande margem de segurança no planeamento, considerando realistas estimativas que, de facto, se baseiam na pior experiência anterior, frequentemente acrescida de uma margem para o caso de as coisas ainda correrem pior, e não informando quanto de proteção colocam em cada uma das atividades do projeto.
 
O que a prática demonstra é que, esta forma pessimista de planear, conduz a projetos mais longos do que seria necessário, e não melhora a probabilidade de êxito. O trabalho tende a expandir-se, ocupando todo o tempo disponível (Lei de Parkinson) [1], e estes projetos alongados são sinónimo de custos acrescidos, que as empresas combatem através da pressão para reduzir o custo unitário dos recursos. 
Preocupadas em reduzir o orçamento do projeto, as empresas escolhem fornecedores mais baratos em detrimento dos mais confiáveis, acabando por prejudicar o desempenho total do projeto. Por exemplo, uma redução de 5% na aquisição de máquinas, correspondendo provavelmente, a menos de 3% do investimento total, pode ter como consequência o aumento do tempo de retorno do projeto, muito superior à "poupança" obtida.

O Método da Corrente Crítica é uma metodologia de gestão de projetos, alternativa ao Método do Caminho Crítico (CPM), que visa alcançar dois dos principais desafios que se colocam à gestão de projetos:
1) Concluir cada projeto no menor tempo possível;
2) Maximizar o número de projetos que a organização consegue realizar em simultâneo, minimizando a quantidade de recursos utilizados.

O PMBOK v4 define o Método da Corrente Crítica da seguinte forma:

“A corrente crítica é uma técnica de análise da rede de atividades, que modifica o cronograma do projeto para levar em consideração a limitação de recursos. A corrente crítica combina abordagens determinísticas e probabilísticas. O método da corrente crítica adiciona atividades pulmão (buffer activities), ao cronograma.

Estas atividades pulmão não são atividades de trabalho e, portanto, não fazem parte do âmbito / escopo do projeto. Desta forma os planeadores do projeto podem focar-se no cálculo das atividades de trabalho, sem terem de preocupar-se em incluir em cada uma delas, tempo para imprevistos. Isto é, a duração das atividades de trabalho passa a ser calculada com base na melhor estimativa para realizar. 
Por outro lado, uma vez que já estão contidas no plano atividades de pulmão, para fazer face a contingências, as atividades de trabalho são programadas de acordo com suas datas mais tarde, de início e de término. Consequentemente, em vez de gerir a folga total dos caminhos do diagrama de rede, o método da corrente crítica concentra-se na gestão das durações das atividades pulmão e nos recursos afetos às atividades de trabalho planeadas.”  

Sintetizando, o Método da Corrente Crítica (ou da Cadeia Crítica) é uma forma alternativa ao Método do Caminho Crítico (CPM), de alterar o calendário do projeto para ter em consideração limitações em termos de recursos.

O Método da Corrente Crítica, em lugar de se preocupar com a gestão da margem de flutuação total, de cada caminho do projeto, centra-se em gerir a duração das atividades de folga e os recursos afetos às atividades reais.

O Método da Corrente Crítica desenrola-se por fases:
  1. Efetuar a calendarização da rede de atividades do projeto usando estimativas não conservadoras;
  2. Calcular o correspondente caminho crítico;
  3. Introduzir as limitações de recursos e calcular o calendário com esses novos constrangimentos. Frequentemente este novo calendário apresenta um caminho crítico diferente do anterior;
  4. Começar agora a aplicar-se o método da cadeia critica:
    1. Adicionam-se atividades de folga “buffer activities” as quais representam atividades sem trabalho calendarizado;
    2. Calendarizam-se as atividades reais para começarem e terminarem o mais tarde possível.

Veja aqui alguns outros artigos sobre o método da corrente crítica.

Outros artigos sobre o método da Corrente Crítica neste blog.


Método da Corrente Crítica (Parte1)





[1] A lei de Parkinson declara que o trabalho se expande de forma a preencher todo o tempo disponível. De acordo com esta lei, se planearmos uma atividade usando estimativas pessimistas, mesmo que o trabalho a realizar possa ser terminado mais cedo, ele prolongar-se-á até ocupar todo o tempo disponível. Acresce que se planearmos a atividade para terminar na data mais cedo possível, deixando uma folga a seguir então, provavelmente, a atividade irá derrapar até preencher integralmente essa folga.

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